terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ADVENTO


Advento, tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os
dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o
mistério apaixonante da Vida que em Jesus de Nazareth principiou.

Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão
frágeis como "nascimento", "criança", "rebento".


Advento, tempo de escutar a esperança dos profetas de todos os tempos.
Isaías e Bento XVI. Miqueias e Teresa de Calcutá.

Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a
vida, mais do que distribuir embrulhos.


Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para
que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos
para escrever num cartão.

Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma
vela; sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem
vergonha de parecermos piegas.


Advento, tempo de se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos
meses desisti de renascer?"

Advento, tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de
correr, escorre limpidamente.


Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão,
das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.

Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no
rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu
o rosto de Deus.



Tolentino Mendonça

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